Paradas militares e fogos; por que o 9 de maio é tão importante na Rússia?
A quarta-feira será de celebração e desfiles por toda a Rússia, que em pouco mais de um mês receberá a Copa do Mundo.
Isso porque o dia 9 de maio é um dos mais simbólicos e importantes para a história do país.
É nesta data, feriado nacional, que os russos comemoram o Dia da Vitória (День Победы, em cirílico).
Os festejos são em referência à rendição dos nazistas, decretando o fim oficial da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que na Rússia é chamada de Grande Guerra Patriótica.
Este nome se refere ao período de 22 de junho de 1941 e 9 de maio de 1945. O termo não cobre toda a Segunda Guerra Mundial pois até 1941, a União Soviética tinha um acordo de não-agressão com a Alemanha.
A nomenclatura também foi usada para estimular os cidadão soviéticos a defender a pátria mãe e expulsar os invasores, em referência à Guerra Patriótica de 1812.
O Instrumento da Rendição Alemã foi assinado, de fato, na noite de 8 de maio em Berlim.
Porém, em Moscou já era madrugada do dia 9 e apenas ao amanhecer o governo soviético anunciou o triunfo dos aliados.
Celebrado desde 1945, o Dia da Vitória só foi oficializado como feriado a partir de 1965.
Hoje, é um dos mais aguardados do país e a principal parada sempre ocorre na Praça Vermelha, em Moscou, com a presença do presidente, do ministro da Defesa e outras autoridades.
O desfile conta com homens do Exército, Marinha e Aeronáutica e é também uma demonstração da força militar da nação, com tanques de guerras, mísseis balísticos, e aviões.
O evento é tão grandioso que durante um mês há ensaios, e em diversos momentos a Praça Vermelha é fechada para os treinamentos.
A parada é restrita para convidados e jornalistas, mas há transmissão televisiva para todo o país e as pessoas podem se juntar nas ruas e pontes da capital para observar a passagem dos veículos militares.
Mas não é só isso. Uma marcha de cidadãos carregando fotos de vítimas da guerra também acontece.
Em diversos parques há celebrações, concertos, mostras de filmes e outras atividades culturais.
No fim do dia, uma enorme queima de fogos na Praça Vermelha marca o fim das celebrações.
Outra cidade onde os festejos são intensos é em Volgogrado, antiga Stalingrado, palco de uma batalha decisiva na guerra que acabou com mais de 2 milhões de mortos.
Além da parada militar, milhares de cidadãos se dirigem ao local conhecido como Mamaiev Kurgan para depositar flores para os mortos e visitar o complexo dedicado aos combatentes.
Lá também se localiza a estátua conhecida como Rodina Mat (Mãe da Pátria), que tem 85m de altura e é um símbolo da cidade.
Na noite de terça-feira, o clima já era de festa com um espetacular show de luzes e queima de fogos.
Um novo espetáculo de queima de fogos está marcado para a noite de quarta-feira, que será também de festa esportiva na cidade com a final da Copa da Rússia entre Tosno e Avangard Kursk.
Como forma de reconhecer os veteranos de guera, pessoas que ficaram inválidas em combates e ex-prisioneiros de guerra, a Aeroflot -principal companhia área do país – anualmente faz promoção permitindo voos grátis (sem taxas) por um período de 10 dias na proximidade do feriado.
Os símbolos mais comuns do Dia da Vitória são a faixa de São Jorge (nas cores laranja e preta) amarradas em bandeiras, bolsas, mochilas, e antenas de carro e o cravo vermelho. A cor representa a da bandeira soviética. Depositar um número par de flores em memorias de guerra significa luto e respeito.
Para se ter ideia da proporção, cerca de 24 milhões de pessoas – um em cada seis russos – participaram das comemorações dedicadas à vitória nos últimos anos.
Além do volume de pessoas e equipamentos envolvidos, os gastos também são volumosos. No 70º aniversário do Dia da Vitória, em 2015, a Rússia gastou mais de US$ 14,2 milhões, e, no ano seguinte, o equivalente a US$ 5,1 milhões.
Durante todo o dia, os principais canais do país dedicam horas e horas da programação a reportagens especiais e transmissões ao vivo.
Além da Rússia, há celebrações em outras ex-nações soviéticas também. Armênia, Belarus, Cazaquistão são algumas delas.