Em cidade de estreia do Brasil na Copa, quem faz sucesso é o handebol
A cidade de Rostov-do-Don, no sudoeste da Rússia, se prepara para receber em junho o maior evento de toda a sua história: a Copa do Mundo.
Para isso, ergueu um estádio novinho – que após o Mundial servirá de casa para a equipe local, o Rostov FC.
Será nesta arena de cadeiras azuis e amarelas para 45 mil espectadores que o Brasil fará a sua estreia, no dia 17 contra a Suíça.
A paixão pelo futebol é grande na cidade.
Já no recém-inaugurado aeroporto Platov – a cerca de 30 quilômetros do centro – é possível comprar a camiseta do Rostov FC e outro diversos souvenires em sua loja oficial. E, em média, 10,9 mil torcedores acompanham os jogos do time em casa.
Mas em que pese o futebol ser o esporte mais popular do município de 1,1 milhão de habitantes, quem tem feito mesmo sucesso e levado o nome da cidade para além das fronteiras da Rússia é o time de handebol, o Rostov-Don.
O time conquistou há uma semana o título nacional pela segunda vez seguida e neste fim de semana buscará a inédita taça da Liga dos Campeões da Europa, no Final Four que acontece na Hungria. Na semifinal, no sábado (12), enfrentará o Vardar, da Macedônia.
Pelas ruas da cidade, sempre que há partidas é comum ver muitas propagandas e faixas espalhadas pelas ruas. Em grandes jogos, o ginásio para 4 mil espectadores fica lotado.
O sucesso no handebol prossegue em um momento em que a equipe de futebol vive fase delicada.
O Rostov FC Entra na última rodada do Campeonato Russo, no domingo, correndo risco de ir ao playoff contra o rebaixamento.
Na 12ª posição entre 16 participantes, precisa ganhar seu jogo contra o Ural (10º) para não depender de outros resultados. Caso tropece, poderá ter de lutar pela permanência na elite contra o Tambov, quarto colocado da segunda divisão.
Isso somente duas temporadas após ser vice-campeão russo e uma depois de jogar a Liga dos Campeões e a Liga Europa, enfrentando times como o Atlético de Madri, Bayern de Munique e o Manchester United.
“Claro que o futebol ainda é o esporte mais popular, mas nossa cidade ama o handebol e os bons resultados da equipe têm fortalecido ainda mais a relação do povo com o time”, diz a repórter local Aleksandra Savicheva, que acompanha ambos os esportes.
E se no futebol nenhum brasileiro defende a equipe de Rostov, no handebol há duas atletas que foram campeãs mundiais pela seleção brasileira: a goleira Mayssa Pessoa e a central Ana Paula Rodrigues.
“Já joguei na Romênia, onde o handebol é muito popular. Mas aqui é impressionante o fanatismo dos nosso torcedores. Muitos deles viajam pelo país nos acompanhando. A estrutura que temos e o investimento são de pontas. Não tenho dúvidas em dizer que é um dos clubes de ponta da Europa”, disse a jogadora que tem contrato com a equipe até 2020.
“Quando cheguei na Rússia, em 2016, tinha um pouco de medo de como seriam as coisas, por tudo de ruim que tinha ouvido falar, mas me adaptei rapidamente à cidade e ao clube. As companheiras ajudaram muito. Encarar o frio foi complicado, mas quando chega o verão, tudo fica melhor”, completou Ana Paula, que vive com o marido.
No inverno é comum a temperatura ficar perto dos -8ºC. No verão, época da Copa, em dias mais extremos os termômetros podem chegar a 40ºC.
“O inverno é mesmo duro, mas vale a pena. O clube é ótimo e paga muito bem e em dia. Aqui o investimento é pesado para ganhar títulos e o esporte é tratado com muita seriedade e profissionalismo. É bem diferente do Brasil. Não tenho do que reclamar” disse Mayssa, que em 2012 já havia defendido outra equipe russa, o Dínamo Volgogrado.
A equipe conta atualmente com 25 parceiros comerciais, sejam patrocinadores ou fornecedores. A fabricante de tratores Rostselmash – que já deu nome ao time – e a Gazprom são as mais famosas. O Governo da região de Rostov e a prefeitura também apoiam o time.
Cidade tem população fixa de seis brasileiros
Morando há nove anos em Rostov e casado com uma russa, o brasileiro Paulo Auricchio, 28, criou um grupo para unir os brasileiros na cidade. E atualmente, com ele, são seis no total vivendo no município.
Além das duas atletas da seleção, também fazem parte da comunidade brasileira Jonatas Belo, 36, que é marido de Ana Paula e os estudantes Willy Wolf, 27, e Leticia Avelina, 24.
Leticia, inclusive, trabalhará como voluntária no Mundial. Ela já atuou nos evento-testes e está pronta para ajudar os torcedores brasileiros.
“Tenho certeza que vão gostar. A cidade é pacata e muito segura. Mas é bom se prepararem para o calor que com certeza fará aqui no verão. Às vezes acho até mais quente que no Brasil”, diz a jovem que é natural do Tocantins e estará de férias da faculdade, onde cursa medicina.
Jonatas e Ana Paula estarão de férias no Brasil, assim como Mayssa. Paulo vai trabalhar como produtor para um canal brasileiro e Willy estará em Iekaterinburgo.