Verão na Rússia é sinônimo de água fria no chuveiro e na torneira. É isso mesmo.

De ano em ano, cada vez que a estação mais quente chega, milhares de russos encaram um período em que há duas alternativas.

Encarar uma ducha gelada ou então esquentar água e tomar um banho de canequinha ou balde.

Entre a segunda semana de maio e o fim de agosto, serviços de manutenção e modernização são conduzidos nas tubulações de todas as cidades. E para isso, é cortado o fornecimento de água quente.

Na Rússia, a água é levada das estações de distribuição para as casas em dois canos. Um exclusivo de água fria e outro de água quente. É um sistema utilizado desde os tempos soviéticos e por isso sempre são necessários trabalhos de reparo.

Em 2018, os serviços começaram no fim da última semana e vão até 25 de agosto. Coincidirão com todo o período da Copa do Mundo, que vai de 14 de junho  a 15 de julho.

Em Moscou, a manutenção é dividida por regiões e dura dez dias, em média. Não há distinção entre bairros nobres ou periféricos.

Os cidadãos podem se informar por meio de um site das datas exatas em sua casa para se programarem. Neste ano, mais de 70 mil prédios ficarão sem água quente.

Quem vistar a Rússia para o Mundial e se hospedar em hotéis e albergues não terá de encarar um banho frio, uma vez que estes estabelecimentos contam com sistemas próprios de aquecimento de água.

A MOEK, companhia responsável pelo serviço na capital, informou por meio de nota que adotou um cronograma especial no qual aéreas próximas aos centros de treinamentos das seleções e utras infraestruturas esportivas e não prevê corte durante a Copa.

Mas quem alugar apartamentos é bom ficar atento. Se ele não tiver um aquecedor, será banho frio mesmo, ou à base da canequinha.

“É um período bem chato este. Antes era até pior, pois podia durar até 21 dias. Eu não gosto de tomar banho gelado. Na minha casa antiga tinha de ficar esquentando água. Nesta nova já tenho uma máquina de aquecer. Mas também não vejo como o fim do mundo”, contou ao blog José Ignacio Ortega, repórter espanhol da agência EFE que vive há 13 anos em Moscou.

“Talvez para jovens e alguns adultos não seja um problema. Mas para idosos e crianças é duro encarar um banho frio. Pode fazer mal para a saúde”, completou.

José conta também que uma solução buscada por muitos russos que conhece é se matricular em uma academia durante o verão e após os exercícios tomar banho quente por lá mesmo.

Mas nem todos obviamente fazem isso, como é o caso do comerciante Alexei Ivanov, 38.

“No ano passado isso foi muito ruim, pois em maio fazia muito frio, com alguns dias com temperaturas perto de zero. Queriam cortar a água quente em um momento em que ainda não haviam nem desligado a calefação [o sistema de aquecimento dos ambientes também é controlado de uma central. Tiveram de adiar um pouco”, disse ao blog.

“Já em 2010, que fazia muitíssimo calor e foram vários os incêndios nas florestas ao redor da cidade, era até um prazer tomar um banho frio”, completou.

Neste ano, as temperaturas estão bem mais quentes em maio. Na segunda-feira (14), por exemplo, os termômetros chegaram a apontar 25 graus.