Museu num porão em Samara tem mais de 2 mil itens e livro assinado por Pelé

Quem passa pelo prédio de número 148 na rua Molodogvardeyskaya, em Samara, mal pode imaginar que ali no porão fica o primeiro museu público de futebol da Rússia e que abriga mais de 2 mil itens.

Inaugurado em 1997, seu acervo é todo composto por objetos doados por torcedores, jornalistas, equipes, jogadores e ex-jogadores.

“Não temos relação nenhuma com times ou federações”, disse ao blog o diretor do museu Aleksander Chernishev, que também é vereador da cidade.

Quase 90% dos objetos ali fazem referência ao Krilia Sovetov, equipe local fundada em 1942. Mas há outros que são bem mais antigos e datam do primeiro jogo realizado no município, em 11 de setembro de 1911. Há até maquinas de escrever e câmeras utilizadas para registrar o momento.

Câmeras fotográficas usadas para registrar primeiro jogo em Samara, em 1911 (Foto: Fábio Aleixo)
Câmeras fotográficas usadas para registrar primeiro jogo em Samara, em 1911 (Foto: Fábio Aleixo)

Um dos itens mais preciosos e que ficam dentro de uma caixa de vidro é um livro russo sobre Pelé chamado “Pelé – Minha Vida e o Jogo Bonito (Пеле – Моя Жизнь и Прекрасная Игра)”, lançado em 1989 na União Soviética.

Livro em russo assinado por Pelé (Foto: Fábio Aleixo)
Livro em russo assinado por Pelé (Foto: Fábio Aleixo)

A publicação contém na capa uma dedicatória de Pelé aos “amigos da União Soviética” e chegou ao museu por meio da família de Lev Yashin, morto em 1990.

Este, aliás, é um dos poucos itens que não podem ser tocados a quem vai ao museu. A ideia no local é que o torcedor se sinta a vontade para folhear as centenas de livros e programas de jogo que compõem o acervo.

O museu tem 140 metros quadrados e conta com cinco salas sendo elas temáticas e assim classificadas: história (2), fãs, vestiário e estádio.

Na parte da história, além dos itens já citados há luvas, chuteiras de ex-jogadores soviéticos, troféus e medalhas.

Na parte dedicada aos fãs, o que domina o espaço são centenas de cachecóis de times russos e estrangeiros, além de diversas flâmulas.

Cachecóis pregados na parede do museu (Foto: Fábio Aleixo)
Cachecóis pregados na parede do museu (Foto: Fábio Aleixo)
Flâmulas de diversos times no museu (Foto: Fábio Aleixo)
Flâmulas de diversos times no museu (Foto: Fábio Aleixo)

No salão chamado de vestiário ficam uniformes completos, camisas e shorts autografados. A maioria por atletas e ex-atletas do Krilia e da seleção russa. Mas há de outros times da região de Samara, como o Lada Toggliati e o Mettalurg, por exemplo.

Camisas do Krilia Sovetov e da seleção russa (Foto: Fábio Aleixo)
Camisas do Krilia Sovetov e da seleção russa (Foto: Fábio Aleixo)

Na parte dedicada ao estádio há um gol e diversas bolas.

Não há nenhuma informação por escrito ou telas multimídias, como costuma ser comum em museus.

“Não queremos nada disso. Este é um museu para quem ama o futebol no seu jeito mais puro. Queremos que possam tocar as camisas, interagir com os objetos. Uma coisa simples, mas que as pessoas apreciam”, disse Chernishev.

Foi ele quem fez o tour guiado pelo espaço dando informações sobre os itens mais relevantes da exposição.

Visitas guiadas, aliás, são a única possibilidade se visitar o museu. Elas precisam ser agendadas por telefone ou por email e podem ser dadas a qualquer hora do dia. O bilhete para cada pessoa custa 200 rublos (R$ 12). Todos os tours  são dados em russo.

Durante a Copa, Samara receberá seis jogos e o esquema de funcionamento e das excursões ainda estão sendo definidos. O preço será de 300 rublos (R$ 18). Não há previsão de visitas em inglês.

“Aqui falamos russo. Mas nada impede que os grupos venham com intérpretes”, disse Chernishev.

O diretor do museu tem um desejo na Copa: conseguir um uniforme completo da seleção brasileira. Se a equipe terminar em primeira de seu grupo jogará em Samara nas oitavas de final.

“Não temos nenhuma camisa do Brasil e queremos uma. Será que você não consegue nos ajudar?”, perguntou a mim Chernishev.

Chernishev posa ao meu lado para uma foto após tour pelo museu (Foto: Arquivo pessoal)
Chernishev posa ao meu lado para uma foto após tour pelo museu (Foto: Arquivo pessoal)

Perguntei a ele sobre o futuro do museu e se pretendem se mudar a um espaço maior, uma vez que o local está ficando apertado e superlotado de itens. Para se ter uma ideia, há objetos no banheiro e até no teto.

Banheiro tem alguns itens da coleção do museu (Foto: Fábio Aleixo)
Banheiro tem alguns itens da coleção do museu (Foto: Fábio Aleixo)

“Você não está vendo que ainda temos muito espaço livre no teto e até no chão? Não temos planos de nos mudar”, disse.

SERVIÇO
Museu do Futebol de Samara
Endereço: 
Molodogvardeyskaya Ulitsa, 138
Site: www.football-museum.ru
Telefone para agendamento (apenas em russo): +7 960 815 52 41