Por que vitória é obsessão para Rússia em último jogo antes da Copa
Seleção anfitriã da Copa do Mundo, a Rússia faz às 13h (de Brasília) desta terça-feira (5) seu último amistoso antes da estreia no torneio, em 14 de junho.
Enfrenta a Turquia, que não está classificada para a Copa, no estádio do CSKA.
“Não é um amistoso. É um jogo-teste”, bradou o técnico da Rússia, Stanislav Tchertchesov.
E ele tem razão. É muito mais que um simples amistoso. É a chance de tentar dar um pouco de tranquilidade e otimismo a torcedores do país.
É também a oportunidade para ter nove dias de calmaria até o jogo contra a Arábia Saudita, no Lujniki. Este sim para valer.
A fase da Rússia é péssima. São seis jogos seguidos sem vitória e três derrotas consecutivas. Para Brasil (3 a 0), França (3 a 1) e Áustria (1 a 0). Este último no dia 30 de maio.
O jejum inclui também derrota para Argentina (1 a 0) e empates com o Irã (1 a 1) e a Espanha (3 a 3). A última vitória data de 7 de outubro 2017. Um 4 a 2 sobre a Coreia do Sul no mesmo estádio da CSKA.
“Perdemos jogos e dizíamos que estávamos enfrentado seleções muito fortes, como a Argentina, Brasil e França. Mas jogamos com a Áustria e perdemos. Este jogo será muito importante para o ânimo do país. As pessoas estão tristes, até em pânico. Ninguém acredita muito na equipe. Uma vitória pode mudar isso”, disse ao blog Mikhail Goncharov, setorista da seleção no jornal Sport Express.
As críticas à seleção e a Tchertchesov vem ganhando força a cada dia. Desde o revés para a Áustria a cobertura da imprensa local vem adotando um tom mais agressivo.
Na coletiva prévia ao jogo, na segunda-feira, o tom das perguntas foi mais ríspido.
“Ninguém entende muito bem seu discurso, suas escolhas e o tom que adota para falar. Ralvez uma vitória possa mudar o que pensam”, disse Goncharov.
Em seu perfil no Twitter, o jornalista até ironizou o aquecimento da seleção. Os atletas fizeram um exercício no qual podiam apenas usar as mãos, numa espécie de handebol.
“Com os pés as coisas não foram bem contra a Áustria. Vamos tentar com as mão amanhã (hoje)”, escreveu.
A escalação não foi divulgada de forma oficial. Mas a Rússia deve entrar em campo com: Akinfeev; Mário Fernandes, Semenov, Kutepov e Zhirkov; Erokhin, Zobnin, Golovin, Dzagoev e Alexei Miranchuk; Dziuba.
Seriam quatro alterações em relação ao time que perdeu da Áustria. Uma mostra mais que a Rússia ainda não encontrou seu time.
Para se ter uma ideia, Tchertchesov sempre jogou com uma linha de cinco atrás e três zagueiros.
Na preparação para a Copa resolveu mudar tudo e jogar com uma linha de quatro, motivado muito pela perda de Vasin e Djikia. Os dois zagueiros eram titulares, mas sofreram lesões no joelho durante o ano.
Assim, a equipe que estará em campo quando a Copa começar é uma incógnita.
Para não ter mais problemas para lidar, é bom Tchertchesov dar um jeito de ganhar nesta terça.
Ou então a relação com a torcida vai azedar de vez. Os 30 mil ingressos foram vendidos de forma antecipada. Uma derrota certamente será um duro golpe.
“Acredito que neste jogo contra a Turquia, as coisas serão melhores”, disse Tchertchesov.
Além da Arábia Saudita, a Rússia enfrentará ainda Egito e Uruguai na Copa.
“Chances de passar de fase na Copa do mundo temos. Creio que 50%. Não temos um nível tão alto, mas não temos rivais tão fortes”, analisou Goncharov.